Por Gabriela Schneider Barreto
Na mente de muitos, as primeiras palavras que surgem ao se tratar dos países nórdicos na atualidade são “modelo perfeito”. Com razão! O estilo de vida dos países Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia representa o sonho de muitos: uma sociedade protetora de seus cidadãos – que oferece amparo por meio de ações estatais – e na qual, além disso, impera a igualdade conjuntamente da liberdade. Um conjunto de países bem sucedidos é fruto da aplicação de um sistema socioeconômico que preza pelo bem-estar da população, tornando efetivo o famigerado modelo de Welfare State, ou, se preferível, o termo social democracia.
O conceito e a beleza da social democracia
Após o fim da 2ª Guerra Mundial, uma considerável parte dos países europeus se encontrou em estado deplorável, com a economia frágil, falta de estrutura, condições de vida precárias, entre outras mazelas; o que demandava um generoso auxílio para recompor as ruínas deixadas pela Guerra. Para isso, a figura do Estado como salvador das pátrias surgiu a fim de atender todas as barreiras enfrentadas pelas nações europeias. Assim, em poucas palavras, o modelo social-democrático configura-se por meio de ações – em sua grande maioria, senão totalidade – provenientes do Estado, que oferece serviços à população e por sequência, um estilo de vida fundado de conforto e benefícios sociais.
Não surpreende o fato de que os nórdicos apresentam altíssimos Índices de Desenvolvimento Humano (Human Development Reports, 2019), tendo em vista que de todos os serviços oferecidos pelo Estado, nenhum dos setores apresenta falhas ao oferecer uma altíssima qualidade de saúde, transporte, previdência social, educação etc. Não obstante , a expectativa de vida dessas nações é elevadíssima e progrediu com efeito no decorrer do tempo: na Dinamarca 80,8 anos; na Finlândia 81,7; na Islândia 82,9; Noruega 82,3 anos e na Suécia 82,7 anos.
Uma sociedade em que a taxatividade ocorre de forma efetiva e justa, cujos resultados são devidamente aplicados ao que o Estado propõe é, além de satisfatória, justa e faz jus ao termo que muitos utilizam para descrever os países nórdicos: “países civilizados”.
Onde reside o problema?
Para que o modelo ideal se sustente é necessária uma carga de tributação elevada, que, em termos práticos, é muito efetiva atualmente e atende às capacidades monetárias e à renda de cada indivíduo, o que demonstra a igualdade dos países nórdicos como uma questão não falaciosa e que, portanto, atende à materialidade e às demandas reais. Com sorte, os países nórdicos geram uma quantidade notória de recursos, tendo em vista que a empregabilidade é alta e plena em países como a Dinamarca. Em contrapartida ao modelo perfeito, deve-se atentar ao fato de que a população dos países nórdicos envelhece gradualmente.
A Finlândia foi a primeira nação a demonstrar sinais de quebra no ano de 2017, em que os números de contribuintes – os pagadores de impostos – vem decaindo pela população ser massivamente de idosos. Nos primórdios do modelo de bem-estar social a taxa de natalidade era expressivamente alta: em uma escala global, nos anos de 1950 a média de filhos por mulher se revelava em aproximadamente 5 (https://ourworldindata.org/fertility-rate ). Atualmente, por outro lado, não se atinge a marca de 2 filhos por mulher (https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/356.html, 2020). Assim como a Finlândia, os demais nórdicos estariam fadados ao mesmo cenário, em que a carga de recursos se mostra insuficiente para atender a todas as demandas e a dar uma continuidade para a prestação de serviços oriundos do Estado. Ainda que a o modelo de Welfare State seja possível de ser posto em prática, ele depende de boas condições para que tenha um funcionamento pleno. Não atendidas – ou não continuadas – o modelo perfeito apresenta um prazo de validade.
Texto revisado por Daniella Peixoto Pereira
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