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Os impactos econômicos da vitória de Biden sobre o ocidente

Por Equipe de Economia

Fonte: Correio Braziliense


Com múltiplas tensões sucedidas durante o mandato Trump, que pouco fez para contribuir com o multilateralismo mundialmente, se isolando e estimulando a fragmentação dos blocos econômicos ao redor do globo, é nítida também a sua rejeição entre boa parte dos líderes das nações ocidentais. Raras exceções, ao exemplo do Primeiro Ministro húngaro Viktor Orbán, declararam apoio aberto ao presidente eleito em 2016, demonstrando uma tremenda impopularidade inclusive num terreno de primazia estadunidense, o ocidente. Assim, uma vitória de Biden demonstra uma certa tranquilidade para os tomadores de decisão ocidentais, em especial em um momento de segunda onda da COVID-19 e de enfraquecimento recente das relações comerciais entre os EUA e a Europa.

A composição do congresso norte americano também vale (e muito) nessa conta, que tende a apontar um equilíbrio entre os deputados e uma pequena maioria republicana entre os senadores, que pode interferir nos rumos econômicos da nação. Entre os países afetados pela atual crise do Coronavírus, é vista com muitas esperanças um estímulo fiscal dos EUA, estimulando as exportações dos países à Washington, mas isso só seria possível com uma rápida e segura recuperação econômica, algo ainda incerto. Apesar disso, algumas políticas nacionais de Biden, como as que tangem maior investimento em infraestrutura, poderiam impulsionar tanto o mercado interno quanto às exportações ao país.

Uma das maiores fontes de esperança para os países do ocidente é a redução do preço do dólar, que se desvalorizou em 8,5% desde abril, além das relações mais pacificadas do que com o expoente republicano, como no caso da disputa entre os subsídios da Airbus e da Boeing. Reconstituir as relações diplomáticas até pouco tempo fragmentadas também se mostra como um ponto extremamente positivo para o otimismo econômico com sua vitória. Um exemplo disso é a queda do dólar em mais de 6% no Brasil ao resultado final da eleição ter sido divulgado, representando uma maior facilidade e um otimismo para investir na terra do Tio Sam. A vitória do democrata ainda estimula as bolsas, ao promover um pacote de estímulo econômico, injetando até US$ 1 trilhão no mercado interno; além de representar, como supracitado, um reequilíbrio das forças internas de Washington e um retorno à agenda multilateral.

Ao longo do governo Trump diversos baques foram sentidos pelos ocidentais no que resultou da guerra comercial dos EUA com outros países, que criou um diferencial de preços surreal entre os produtos estrangeiros e os comercializados dentro do país norte americano. Assim, ao enfraquecer a rentabilidade do que era exportado aos EUA, muito foi sentido na pele de produtores e empregados nos setores correlatos, inclusive gerando impactos sociais aos outros países ocidentais, dando impulso ao movimento da “nova direita” e estimulando, por parte de grupos cristãos e de ultradireita, o lobby contra políticas progressistas em todo o ocidente. Somente na Europa foram gastos mais de 30 milhões de dólares desde 2015.

Assim, ao ganhar as eleições de novembro, o ex-vice-presidente dos EUA contribui para uma reversão desse quadro que se iniciou na década passada, retomando a tradicional agenda de política externa na maior potência do planeta, e possivelmente contribuindo para um novo momento da economia mundial.


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