Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2020

Viver ou Morrer: O suicídio é uma grande saída?

  Por Tania Aparecida Peixoto O homem, desde a sua infância como espécie, viveu combatendo o homem. Lutou contra seu próximo para assegurar abrigo e alimentação, lutou pelo seu par sexual, pela defesa de seu clã e pelo aumento de poder e influência sobre outros. O perdedor acaba sendo um fracassado, um desqualificado, alguém cujo volume de agressão foi superado por outro. Por isso, restam duas possibilidades: ou se redime de seu fracasso ou volta seu potencial agressivo contra si mesmo. Entretanto, essa questão não pode ser resolvida sem que se considere o papel que a sociedade e o grupo social desempenham nisso, motivando ou não o indivíduo a estabelecer laços de convivência e a engajar-se em projetos coletivos. Além disso, a compreensão que a sociedade atribui à vida e à morte e, por consequência, ao suicídio, varia de cultura para cultura. Na Grécia, um indivíduo não podia suicidar-se sem prévio consenso da comunidade, pois ele não tinha o poder de decisão sobre sua própria ...

Reforma administrativa e o direito adquirido

  Por Vitor Rocha Recentemente, o Deputado Kim Kataguiri (Democratas) protocolou um requerimento de informação solicitando ao ministro da Economia informações a respeito das pensões vitalícias para filhas de militares. A iniciativa veio diante da atitude do Ministério da Defesa de manter sob sigilo os dados referentes às pensões , se negando a abrir a caixa preta e desacatando a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), de setembro do ano passado, referente à divulgação de todos os valores pagos aos pensionistas das forças armadas. Os gastos com o privilégio chegam a R$ 6,5 bilhões anuais. Criada em 1958 por Juscelino Kubitschek, a Lei n°3.373 estabeleceu que as filhas de militares solteiras, maiores de 21 anos e que não exercem cargo público permanente têm direito a pensão vitalícia. Apesar de extinto em 2000, o benefício permaneceu para aqueles que já eram integrantes das forças armadas naquela data, sob proteção do direito adquirido.  Em tempos de reforma adminis...

O básico sobre planejamento no estudo de idiomas

  Por Pedro Lopes Bouças Apesar da enorme conveniência que a era digital proporcionou para o aprendizado não só de idiomas como também de tantas outras coisas, muitos dos que tem vontade de aprender uma língua nova mal conseguem tirar proveito da tecnologia. Quiçá a torrente de recursos de estudo que a rede oferece os afogue. Uns acabam enganados por aplicativos que prometem fluência rápida e barata e se desiludem; outros simplesmente preferem procurar uma escola de idiomas, esperando ser alimentados do puro néctar do conhecimento linguístico. Estes últimos, pelo menos, acabam aprendendo algo, mas não sem ter gasto muito tempo e dinheiro. Não que as escolas de idioma não sejam úteis. O problema é achar que ou o professor ou a escola é o responsável pelo aprendizado de seus estudantes. Quer dizer, acreditar que tudo que há de ser aprendido alguém vá ensinar. Um professor ou tutor pode sim ser de grande ajuda, mas este deve ser um dentre uma dezena de recursos de aprendizado disponív...

Golpe militar no Mali: mudanças para a perpetuação do status quo nos 60 anos da independência

Por Luis Otávio Nascimento Coronel Ismaël Wague, no centro, o porta voz do grupo de soldados que se identificam como o Comitê Nacional para a Salvação do Povo. Fonte: Arouna Sissoko/Associated Press Militares autointitulados Comitê para a Salvação Popular, em 18 de agosto de 2020, depuseram o presidente eleito Boubacar Keita e dissolveram a Assembleia Nacional. Com amplo apoio popular e religioso, o grupo celebrou o aniversário de 60 anos da independência maliana e, como presente, deu o sexto golpe militar que assola o país.   Eleito em 2013, o presidente deposto é fruto de um golpe militar que tomou o país no ano anterior. No contexto da Primavera Árabe, com revoluções populares por toda a região, a contestação do poder impulsionou os militares locais, que realizaram um golpe e tomaram o poder. A partir da Líbia, movimentos extremistas – entre eles o DAESH, autointitulado Estado Islâmico - infiltraram em território maliano e ameaçaram, ainda mais, o pouco estável ambiente p...

O urânio no Níger e a fragilidade nacional

  Texto por Nicholas Torsani e Renato Raskin  O Níger é um dos maiores países localizados na região africana do Sahel, tornando-se independente da França em 1960. Sua economia é muito pouco diversificada e depende principalmente da agropecuária, responsável por 40% de seu PIB e pelo sustento de 80% da população, e com forte presença da agricultura de subsistência e da criação de gado. Fora isso, o país exporta ouro, petróleo e urânio, destacando-se internacionalmente por possuir em torno de 7% das reservas mundiais deste último e por ser o sétimo maior exportador do minério em 2019 ( indexmundi , World's Top Exports ).  O país apresenta altos níveis de crescimento econômico, com a taxa, movida principalmente pela produção agrícola, mantendo-se em incríveis 6,3% em 2019. Contudo, apresenta uma situação social bastante debilitada, com 41,4% dos nigerinos vivendo em situações de pobreza extrema, e foi classificado pela ONU em 2016 como o segundo país menos desenvolvido do ...

A “renascença etíope” e o jogo de poder nas margens do Nilo

Por Nicholas Torsani Foto da hidrelétrica em construção. Fonte: ISS Africa A Grande Represa Renascentista, projeto portentoso orquestrado pelo governo da Etiópia, visa entregar eletricidade a mais de 60% da população do país, que não tem acesso à energia elétrica. Seu planejamento teve início no fim da década de 2000, se tornando público somente em março de 2011, quando também foi anunciado o contrato com a empresa italiana Webuild SpA (antiga Salini Impregilo SpA) para sua construção, de quase 5 bilhões de dólares. Polo de intensa discussão regional nos últimos meses, mas que remonta a decisões tomadas anos atrás, a “nova” hidrelétrica etíope é um dos grandes entraves geopolíticos da atualidade. Compreendendo desde méritos como a segurança energética e alimentar dos países da Bacia do Rio Nilo até a própria mediação de atores estrangeiros, a disputa se estende por diversos campos da política internacional, prometendo gerar extensos debates por mais um bom tempo. Mapa do Rio Nilo e s...